O SOFRIMENTO HUMANO
- Erasmo Lima
- 17 de set.
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O sofrimento humano se manifesta junto com o surgimento do próprio homem, ou seja, é uma condição inerente à espécie humana, além de poder ser sentido de forma profunda na singularidade e na coletividade. Geralmente ele revela a fragilidade da vida, mas, também é combustível para novos horizontes. Afinal de contas, é diante de uma profunda estagnação “um caos” que o ser humano pode encontrar motivação para criação.
Na psicanálise, o sofrimento humano é compreendido como parte constitutiva da condição de existir, mas com origens e manifestações específicas. Freud, no Mal-Estar na Civilização 1930, apontou três grandes fontes inevitáveis de sofrimento. Vejamos:
A primeira fonte - Freud vai dizer que é o próprio corpo, devido a sua vulnerabilidade à doenças, envelhecimento e morte. A segunda fonte - o mundo externo, ou seja, as forças da natureza, catástrofes e as contingências da realidade. A terceira fonte - Freud se refere aos vínculos – ele vai afirmar que essa fonte talvez seja a mais dolorosa, pois o ser humano busca nesses vínculos harmonia, segurança, estabilidade, porém, pode se chocar com decepção, frustração e conflitos, além das possíveis perdas. Um dos grandes problemas do ser humano, é esperar do outro: “aquilo que ele não tem para dar”.
Do ponto de vista filosófico, pensadores como Buda diziam que o sofrimento faz parte da existência humana, resultado de nosso apego e desejo. Outros, como os estóicos, viam o sofrimento como algo inevitável, mas acreditavam que podíamos escolher como responder a ele. Em quanto do ponto de vista existencial, sofremos porque temos consciência de nossa finitude, da passagem do tempo e do fato de que nada é totalmente estável. Ou seja, sofremos porque somos humanos. Mas, ao mesmo tempo, o sofrimento pode ser também um motor de crescimento e transformação. Fugir do sofrimento é negar a metamorfose do existir humano.
Para a psicanálise, o sofrimento humano é inevitável, mas pode ser transformado quando se compreendem os desejos, conflitos e mecanismos inconscientes que o sustentam. O desafio da psicanálise não é eliminar o sofrimento, mas ajudar o sujeito a lidar de forma diferente com ele, tornando consciente o que estava recalcado, ressignificando a dor psíquica e abrindo novas formas de desejar e se relacionar, ou seja, o desafio do processo analítco é tornar o sujeito mais maleável diante dos conflitos internos e externos e pensar a vida como a própria potência em movimento.
Psicanalista - Erasmo Lima





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