AMOR E ÓDIO - DOIS AFETOS INSEPARÁVEIS
- Erasmo Lima
- 16 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de nov.

Para a psicanálise, o amor é um conjunto complexo de atitudes, necessidades e desejos que transita entre a razão e a emoção, tendo como base os vínculos da primeira infância. Freud afirma que o amor se manifesta a partir de opostos, como amar e ser amado, que representa a oposição entre atividade e passividade; e amor e ódio, que expressa a oposição entre conteúdos afetivos.
No início da vida, as figuras que representam a maternidade e/ou a paternidade são os “objetos” primários que podem potencializar tanto o amor quanto o ódio. Ou seja, esses vínculos inaugurais podem gerar sentimentos saudáveis ou patológicos. Geralmente, esses dois afetos oscilam entre idealização (“amor”) e agressão (“ódio”), podendo influenciar os relacionamentos ao longo da vida.
O processo analítico tem como principal ferramenta a escuta do sujeito do inconsciente — inconsciente esse que se revela pela fala livre na psicoterapia, desvelando seus extremos, como amor e ódio, falta e excesso, entre outros. Tais extremos representam uma condição humana que produz sentimentos profundos, muitas vezes coexistindo na vida emocional do indivíduo. Assim, a ambivalência é uma das características desse modo de amar e odiar, que pode habitar simultaneamente as relações humanas.
É a partir da compreensão das questões inconscientes — que transitam entre amor e ódio — que se abre um novo espaço, uma nova condição para que o paciente entenda seus vínculos passados e consiga organizar de forma mais fluida os vínculos atuais. Esse processo torna o indivíduo mais seguro e mais habilidoso na escolha entre o “sim” e o “não”, diante da dinâmica do desejo. Dessa forma, o conflito entre amor e ódio é um potencial motor, capaz de conduzir o sujeito ao encontro consigo mesmo e com o mundo.
Psicanalista - Erasmo LIma





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